"Ando devagar/porque já tive pressa..."

"Ando devagar/porque já tive pressa..."
"Nessa loooonga estraaaaada da viiidaaa..."

Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira

terça-feira, 17 de junho de 2008

vivencias-madeira-cronológica (1981/1)


"Usando uma perucona, safado? Então toma!"


1981: instalados em Fortaleza, em uma casa grande e esquisita no bairro Aldeota, iniciamos todos juntos uma nova estapa de vida, agora estranha, pois pela primeira vez na vida profissional eu não era policial, ou seja, não estava sob um juramento oficial, público (e, para mim, principalmente moral) de cumprir a lei e de assegurar que esta fosse cumprida por todos. Terezinha bem e coberta de cuidados pelo pessoal da Coca-Cola (depois concluí que era para me dominar), as crianças ainda meio desnorteadas com tanta mudança, tantas ocorrências em nossa vida nada pacata, e Joana agarrada com a gente. Mudanças mil, mas núcleo familiar unidíssimo. Bem, desta vez (depois entendi) fui enganado e poderia ir muito bem, crescer financeiramente e em prestígio social se fosse a minha cara a nova forma de vida que (após estar lá) me foi oferecida. No início muita babação em cima de mim, tudo fácil, reuniões com figurões da Coca-Cola no Rio de Janeiro, viagem para Atlanta/USA para visita à sede da multinacional Coca-Cola, aproveitando exames completos em um hospital mantido pela empresa sobre o transplante de Terezinha, e que tiveram como resultado um baita elogio ao trabalho dos médicos brasileiros (capixabas), pois todos os comportamentos cirúrgicos feitos estavam irrepreensíveis, congresso brasileiro anual da Coca-Cola em Belo Horizonte, enfim um começo de ano de envaidecer e eu sendo apresentado como o máximo. Reuniões de diretoria da empresa, eu presente palpitando, um dos irmãos do Sérgio Philomeno e sócio era deputado federal e lá fui eu com ele ao congresso nacional em Brasília, sendo apresentado a deputados e senadores. Passados cerca de três meses comecei a descobrir as tramóias, tais como sonegação de impostos, fraudes fiscais, suborno da fiscalização de todos os níveis, violência contra pequenos comerciantes, que eram obrigados a comprar a nossa marca, não podendo comprar concorrentes e um rosário de crimes. Meu papel era dar credibilidade à empresa pelo meu passado, por ser conhecido em Fortaleza como um homem honesto. Entrei em pé de guerra e lembrei que não era a minha especialidade ser safado ou conviver com isso. Botei as cartas na mesa com o Sergio (avisei ao Adilberto) e preparei-me para a briga. De imediato começaram as retaliações: pagamento atrasado, carro velho e quebrado para me atender e agressões verbais nas reuniões mensais da Diretoria. Em uma destas o diretor de comunicação, Venelouis Xavier Pereira, dono também de um jornaleco de imprensa marrom, que eu já sabia vagabundo desde a época da PF, ofendeu-me, isto sentado em minha frente, do outro lado da mesa, ao dizer que eu estava me fazendo de honesto mas que não o era, por ter feito a empresa pagar até o transporte aéreo de minha cachorra (uma verdade, mas tal coisa foi acertada na hora da minha contratação). Voei por cima da mesa, segurei-o pelos cabelos e dei-lhe um murro na cara que lhe quebrou os óculos e cortou-lhe o rosto, espalhando sangue ao redor. Foi o caos, e fui retirado da sala enquanto o levantavam e o socorriam. O gozado é que ninguém sabia (nem eu) que ele usava peruca, pois quando eu o segurei pelos cabelos e mandei o soco, os cabelos dele ficaram na minha mão (por isso não pegou bem e acertou os óculos), e eu sacudi aquela porra nojenta, pensando de início que o tinha escalpelado. Fui para casa e lá fui procurado pelo Adilberto, que queria me esconder por causa de alguma queixa-crime e para que eu escapasse do flagrante. Disse que não iria e que se preso encararia, mas denunciaria tudo o que eu já sabia. O resultado é que foi tudo abafado e ficou acertado que o meu contrato de prestação de serviços, como presidente da Fundação Philomeno Gomes (feito em um documento apropriado, não na carteira de trabaho), seria rescindido, com todos os meus direitos respeitados, inclusive os salários; a casa permaneceria alugada até o final do ano, sem que eu tivesse que trabalhar mais por lá. Com as passagens na mão, acertei com Terezinha - apesar de já ter tido algumas sondagens para ficar em Fortaleza, radicar-me lá - que o melhor era retornar para Vitória, face aos médicos dela, pela nossa casa, pela proximidade do Rio com nossos pais e parentes e a já ter sido o combinado anteriormente. Como nossa casa em Vitória estava alugada por um ano, e nós tínhamos a de Fortaleza assegurada, além de as crianças estarem no colégio, resolvemos que eu viria de imediato para Vitória procurar emprego, voltando logo a dar aulas, e ela e a nossa turminha ficariam lá até o fim do ano letivo. Assim foi feito, e eu voltei antes do meio do ano. Madeira

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