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"Ando devagar/porque já tive pressa..."
Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira
quarta-feira, 2 de julho de 2008
vivencias-madeira-cronológica (2003)
2003: esse ano foi o foda da nossa vida. Um pouco antes do seu meio, lá pela semana santa, apareceu um novo sintoma ruim de saúde em Terezinha, que era a impossibilidade de respirar quando se deitava para dormir, ficando na posição horizontal. Ela não o conseguia, sendo obrigada a dormir sentada, além de estar a cada dia ficando mais cansada com qualquer esforço, por mais simples que fosse. Era um sofrimento só, todas as noites, com ela sentada na cama, caindo de cansaço, mas com uma falta de ar que não lhe permitia deitar e eu aflito, pensando e tentando inúmeras saídas para esse novo mal. Pneumologistas, alergistas, cardiologistas,otorrinos, nefrologistas... Todas as especialidades médicas procuradas e nada. Mas ela não se abatia, nem desistia, e continuava a fazer as coisas todas, desde as aulas até as viagens, sendo a nossa última à Lavras Novas, antiga cidade-berço de escravos, próxima de Belo Horizonte, onde ela passou mal demais. Enfim, após ene exames, descobriu-se que determinada válvula do coração não estava mais bombeando o sangue da maneira devida, o que ocasionava todas as dificuldades de respiração dela, e que a saída era uma cirurgia. Corajosa como era, de imediato topou a operação. A partir daí foi uma imensidão de exames, de consultas de escolha do cirurgião, de escolha do local; em resumo, de providências burocráticas e pré-operatórias. Houve o apoio, mais uma vez, do Levy e de um médico conhecido do Centro, Dr.Fagundes, que se prontificaram a acompanhar a cirurgia. Infelizmente, com todos nós reunidos, recebemos a notícia de que, ao estar sendo finalizada a operação, os cirurgiões não conseguiram efetuar algumas costuras, em função do esgarçamento das fibras cordianas, resultado do uso, por muitos anos, de corticóides, e que Terezinha tivera paradas cardíacas causadoras de danos cerebrais. Foram mais de noventa dias de sofrimento de UTI, com alguns sinais ocasionais de melhora, que nos davam esperanças e logo se desvaneciam, e em dezoito de dezembro Terezinha passava para o Plano Superior, com a presença de todos nós em redor do leito hospitalar dela. Esta odisséia está sendo relatada de forma muito reduzida, por ser do conhecimento de todos, e ser muito dificil de relatar, pois fazê-lo é retornar aos dias de sofrimento e de esperanças pelos quais todos passamos. Terezinha, além de muito amada e muito importante em nossas vidas, foi companheira-símbolo de uma existência de feitos inenarráveis, épicos, pela entrega, dedicação a todos nós, garra, coragem, transparência e amor. Te amaremos para todo o sempre, eu em particular, com a certeza de que nos reencontraremos em alguma encarnação, com alguma ligação muito forte, pois fiquei te devendo ainda mais amor e dedicação do que te dei, em comparação com tudo que me destes. Madeira
vivencias-madeira-cronológica (2001/2002)
2001/2002: além da rotina, que não poderia ser completa, pois algo sempre acontece no viver, tivemos a mudança de curso de Terezinha, que passou no vestibular da UFES, para artes visuais (ela sempre teve muito bom gosto para essa área), e com isso trancou o curso de pedagogia que fazia na FAESA, para retomar depois de concluir esse novo curso. Foi muita alegria, pois era e é um vestibular muito difícil, concorridíssimo, e ela, com aquela garra incrível, incomensurável, venceu. Filhos formados e pós-graduados, netos crescendo sem maiores problemas, D.Hilda bem, tinha que pintar algum problema, e a fonte teria que ser uma ação minha. Fiz mais uma cagada - e essa fenomenal, por ter ferido Terezinha -, que foi um envolvimento extra-conjugal absurdo, que graças aos nossos mentores não se consumou, nem foi pior. Também não o foi porquê, ao ser descoberto, de imediato joguei a toalha, chutei tudo aquilo que estava fazendo de errado, conversei muito com Terezinha, assumi o erro e ela, que é um espírito esclarecido, aceitou minhas desculpas e acreditou em mim. Apesar de tê-la ferido muito, consegui estancar os ferimentos e retomar a vida de amor e respeito a ela. Com o Espiritismo, aprendi que não se deve ter remorso e sim arrependimento; que este é útil e deve ser praticado, e aquele é negativo e não pode ocupar qualquer espaço em nossa mente e em nosso coração. Assim, até hoje arrependo-me, por não ser de meu caráter, de minha índole machucar ninguém, muito menos aqueles a quem amo, mas busco apagar da minha mente (o que não é fácil) o erro praticado, para não ter remorsos e por gratidão à Terezinha, pela forma com que ela tratou o assunto, que nunca, depois, foi mencionado por ela. Devo também aos meus filhos a compreensão com que aceitaram meu erro e seus desdobramentos. Por fim, e muito face a esse erro, em 2002 encerrei o meu mandato de quatro anos de Diretor no CEG e deixei tal função. Valeu Terezinha, pela compreeensão e amor, talvez maiores do que eu merecia e que ainda vou ter oportunidade de pagar-lhe em dobro. Madeira
vivencias-madeira-cronológica (1996/2000)
Adelino: apesar das imperfeições de todo ser humano, batia um bolão.
1996/2000: nestes anos tudo correu de modo normal, destacando-se poucas coisas, entre as quais o falecimento do Adelino, tio de Terezinha que conosco residia, juntamente com D. Hilda. Adelino, figuraça, daquelas pessoas que à primeira vista parecem antipáticas, tanto pela cara sisuda quanto por ser de poucas palavras, era na realidade uma pessoa que sabia ser amiga dedicada, sempre pronta a ajudar, a servir. Nos últimos anos de vida, que passou conosco e foram muito bons, tinha dificuldades de locomoção face a um derrame, que paralisou todo um lado do seu corpo, deixando-o hemiplégico, mas que nunca o fez piorar de humor, nunca modificou a sua forma de ser. No último ano antes de seu falecimento tivemos que deixá-lo morando na Avedalma, lar de idosos em Cariacica, com assistência médica e de enfermaria, pois ele estava bastante debilitado e não tinha mais forças para fazer a higiene pessoal sozinho, e eu e Terezinha, com inúmeras atividades, praticamente fora o dia todo, não podíamos ajudá-lo como deveríamos; D. Hilda sozinha, sem auxílio, não aguentava, ainda que tentasse, locomovê-lo, dar-lhe banho etc... Nos finais de semana bem que nós ajudávamos, mas não estava dando certo. A estada dele no Avedalma não representou abandono, pois eu ia lá toda quarta levar fraldas, remédios, vê-lo, e aos domingos, dia de visita, nós iamos passar algum tempo com ele. Faleceu repentinamente e em paz. Também tivemos, em 1997, a união de Cintia e Marcius, em uma reunião muito bonita, toda montada por Terezinha, com uma seleta participação de convidados muito próximos, realizada em Pedra Azul, em um sítio, onde nos hospedamos todos e mais os convidados, e onde hoje funciona o restaurante Valsugana, em um final de semana maravilhoso, com a cerimônia dirigida pelo amigo-irmão Levy. Em 1999 os donos da FACTUR, que eu dirigia desde 1995, renovaram meu mandato de quatro anos na direção e criaram um colégio, o centro educacional Guarapari, que também entregaram-me para montar e dirigir por um mandato de quatro anos, regimental. Concomitantemente, Terezinha passou no vestibular para pedagogia na FAESA, e começou a fazer esse curso superior pelas manhãs. Em 2000 o proprietário da faculdade e do CEG elegeu-se prefeito de Guarapari, e convidou-me para ser o secretário de educação do município - aceitei e entrei de cabeça, realizando, tenho a certeza, um excelente trabalho por cerca de doze meses (que redundou, para variar por motivos políticos, em mais uma briga minha e a entrega do cargo no final do ano). Madeira
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