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"Ando devagar/porque já tive pressa..."
Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira
quarta-feira, 25 de junho de 2008
vivencias-madeira-cronológica (1983/3)
Até logo: voando para outro plano com a missão cumprida.
1983: Terezinha em jornada dupla, eu em jornada técnica atrapalhada pela política, de dia, e às noites dando aulas nas faculdades; crianças no colégio, finais de semana juntos, até que as coisas estavam parecendo normais para uma família normal. Neste ano descobrimos um paraíso nas montanhas capixabas, que tínhamos começado a conhecer, já que anteriormente não fora possível fazê-lo pela gama de problemas enfrentados. Em setembro, aproveitando o feriado do dia sete, fomos conhecer, hospedando-nos, uma pousada há pouco inaugurada, em Pedra Azul, de nome Pousada dos Pinhos. Lá chegando ficamos maravilhados pelo clima e pelas instalações, mas principalmente pelo tratamento fidalgo dado pelo proprietário, Dr. Julio Pinho (e sua família, em especial pela filha dele, a gerente do novel empreendimento, a Isabella). Alimentação de primeira, e à noite um café colonial suculento; recreação para as crianças, quadra e campo de futebol para as minhas peladas, aquela sauna... Enfim, um local paradisíaco e sem os ruídos da cidade grande. Ficamos clientes permanentes e até a partida de Terezinha passamos todos os feriados espichados lá, em especial Ano Novo e Carnaval. Tínhamos as reservas já feitas automaticamente e no mesmo apto, e a nós se juntavam sempre nossos compadres Arminda e Oswaldo e a afilhada Anna Luiza. Foi de fato algo marcante para todos, inclusive para D. Hilda, que muitas vezes nos acompanhava. Neste ano também transferiu-se de plano meu pai - Seu Dias, como todos o chamavam -, em nossa casa, no então quarto do Caio, onde ele estava hospedado. Foi algo diferente, pois ele tinha muita saúde e com 87 anos, quase 88 (faria um mês após o seu falecimento), foi internado às pressas no Rio, na Beneficência Portuguesa, da qual era associado. Informado do fato por Sidônio, fomos eu e Terezinha ao Rio vê-lo, e lá chegando fomos informados que ele estava com câncer no pulmão, sem capacidade respiratória e necessitava fazer uma traqueotomia para poder respirar e ter uma sobrevida. Após conversarmos entre nós e ouvido o Levy, amigo-irmão, médico de nossa total confiança, falamos com ele e ele disse que ali não queria ficar, e acontecesse o que acontecesse queria ir para a minha casa, pois lá teria, tinha a certeza, uma enfermeira inigualável, que era a Terezinha. De imediato (era um sábado) negociamos a saída dele do hospital para o dia seguinte, domingo (tive que assinar um termo de responsabilidade se houvesse a morte física), e comprei passagens de avião para todos nós e mais a minha mãe e viemos para Vitória, êle de terno e gravata, como sempre muito bem vestido, mas com muita dificuldade de respirar. Chegamos em Vitória cerca de onze horas, e D. Hilda e os netos o receberam com muitas atenções. Sentamos à mesa, com ele à cabeceira, de terno e gravata, como gostava sempre de ficar, no comando, e após isso eu e ele sentamos no balanço na varanda e conversamos até por volta das quatorze horas, quando ele pediu para se deitar um pouco. Perto das dezesseis horas ele chamou Terezinha e avisou que não estava conseguindo respirar. Acionei com urgência vários médicos conhecidos, e estes foram unânimes: ele teria de ser internado e devia ser feita a traqueotomia. Ele negou-se com veemência e quis ficar alí mesmo. Com a orientação já dada pelo Levy, no Rio, pois Levy, quando chamado por mim lá, é que tinha nos dado o aconselhamento de atendê-lo nas vontades, pois ele não tinha mais pulmões, estes estavam todos tomados e era melhor dar qualidade de vida que quantidade, dispensamos os médicos, e foi colocada uma bomba de oxigênio ao lado dele e esta ligada às narinas, para que houvesse menos desconforto. Foi um resto de domingo e uma noite de vigília, até que no dia seguinte, segunda-feira, treze de junho, dia de Santo Antônio, santo português, ele faleceu ao lado de Terezinha e D. Hilda, no momento em que eu tinha saído para comprar uma nova bomba de oxigênio, com Flávia sentada nela para que não corresse dentro do Passat que tínhamos. Na noite desse dia levamos o corpo para o Rio, onde ele foi enterrado no dia seguinte, com a presença de muitos amigos e parentes. Fez o desencarne junto a nós e foi um pouco sofrido pela falta de ar, mas foi por pouco tempo e cheio de nosso carinho e admiração pelas obras que deixou, e pelos exemplos dados continuadamente. Muito obrigado meu pai, por tudo que me ensinastes e me destes. Theo
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