"Ando devagar/porque já tive pressa..."

"Ando devagar/porque já tive pressa..."
"Nessa loooonga estraaaaada da viiidaaa..."

Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira

quarta-feira, 23 de abril de 2008

vivencias-madeira-cronológica (1961/5)



1961: com a instalação definitiva em Brasília e o fato, à época, de a cidade ainda estar visceralmente ligada ao Rio, não ficando ninguém (literalmente) por lá nos finais de semana e feriados (nem carnaval ela tinha, nem clubes, e apenas dois cinemas), e recebendo dois salários por mês - pagos aos funcionários que lá moravam, a famosa dobradinha -, foi fácil engrenar com os colegas, com a anuência do comando, a ida ao Rio a cada quinze dias através do macete de dobrar o serviço; ou seja, em vez de tirar o expediente direto você ia para a sua terra de origem e outro fazia o seu serviço em revezamento: com isso, o efetivo estava sempre completo, uns trabalhando e outros viajando. Portanto, não precisei transferir meu curso de direito para Brasília, já que trabalhava quinze dias e passava os outros no Rio cursando a Cândido Mendes, fazendo as provas e participando das aulas. A presença era um galho quebrado junto ao próprio professor ou através de um colega, quando das listas de chamada. Foi fácil porque eu me dedicava e estudava mesmo, cobrindo as dificuldades dos dias ausentes. Acabada a montagem da cia de serviços especiais, a S.R., com todo o treinamento teórico em sala de aula e o prático (formações de combate em coluna, usada hoje pelo BOPE/PM/RJ, em linha e em cunha, muito treinamento físico de resistência, de defesa pessoal - principalmente imobilizações), entramos em ação. Fiquei no sub-comando com o Egydio no comando, pois o tenente João foi para o comando da Geb com a saída do major Ribas, que voltou para o exército; piruei também tirar escala, abrindo mão da minha folga de quarenta e oito horas, o que me interessava, pois além de Brasília não ter nada para fazer (aos sábados, domingos e feriados era de uma tristeza imensa, pois não havia ninguém nas ruas, e só restavam as grandes e terríves peladas em campos de barro ou em quadras de asfalto, com as redes sendo de arame) era a forma de ganhar meus quinze dias no Rio e estudar. A cia era composta de comandante, pessoal burocrático e três pelotões de vinte soldados cada um, mais o tenente-comandante (vieram mais dois tenentes para se juntar a mim e ao Egydio, o Estevam Iemini de Rezende - mineirão - e o Orlando Kalil, paranaense), um sargento-adjunto (capixaba, parente dos Zouain, do supermercado Santo Antônio de Guarapari), dois cabos, um motorista (comigo trouxe o do trânsito, o Barbosa) e os soldados-combatentes, que embarcados no caminhão-choque aberto iam distribuídos em dez homens de cada lado, mais o cabo que comandava o grupo; na cabine com o motorista iam o sargento e o tenente, este na porta dando as ordens para o desembarque e a formação a ser adotada. O fato é que a tropa, fora uma situação de calma, de observação, quando permanecia embarcada, se descesse do choque era pra cair de pau, ou seja, dissolver o que estivesse pela frente - e nós dissolvíamos mesmo. Nas vinte e quatro horas de serviço permanecia-se fardado e equipado todo o tempo, de botina, capacete ao lado, cinto de guarnição com o armamento e a munição reserva, dormindo-se assim, pronto para embarcar no choque em um minuto - um minuto mesmo, do toque da sirene de alarme até a saída do caminhão, que deixava para trás quem não estivesse embarcado no minuto treinado. Tínhamos itinerários prontos e marcados, com alternativas de trânsito para chegar ao local do conflito no tempo mínimo e agir. A GEB era respeitada e a S.E. (serviços especiais), temida. Os soldados usavam revólver trinta e oito e cassetete de madeira, utilizado para imobilizações e ataques; os cabos usavam o mesmo revólver e um lança-granada de gás que hoje não vejo mais; o sargento ainda o revólver .38 e uma metralhadora INA.45; e o tenente apenas o trinta e oito. Nas quarenta e oito horas de folga, a primeira era de folga mesmo e a outra era de expediente administrativo para treinamentos práticos (tiro, defesa pessoal, halteres, corda - para dominar o rapel e penetrações de ataque -, formações, educação física, peladas intermináveis) e limpeza do material (botinas, cintos, cantis, tudo brilhando para o dia seguinte de serviço). Vida para mim gostosa, cheia de ação, movimento, brilho. Madeira

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