"Ando devagar/porque já tive pressa..."

"Ando devagar/porque já tive pressa..."
"Nessa loooonga estraaaaada da viiidaaa..."

Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira

segunda-feira, 5 de maio de 2008

vivencias-madeira-cronológica (1964/2)

1964: novo ciclo de vida - e quente, muito quente. Sem que eu soubesse, é lógico, estava chegado o momento de conhecer a mulher que ia ocupar a minha vida, constituir família comigo, dar-me o orgulho da paternidade, fazer-me feliz e principalmente ensinar-me uma série incomensurável de coisas que eu não tinha tido a percepção para conhecer. Ao retornar para Brasília, pós-revolução, no final de semana seguinte fui procurar o Egydio para, como era de costume, combinar passar junto o sábado e o domingo. Não o encontrei em casa e soube que ele estava na piscina de um hotel de luxo, próximo ao Pálacio da Alvorada. Fui até lá e o encontrei junto à sogra, a Dona Alice, e também ao lado da madrinha de sua esposa, a sua segunda sogra, a Dona Hilda - que criara a Ivone durante alguns anos, inclusive levando-a para Portugal - e da prima-irmã de Ivone, a Terezinha. Mal a conheci e me interessei por ela. Magra, muito bonita, papo cabeça, alto discernimento e de uma personalidade forte, que impressionava. Uma jovem de dezoito anos, do tipo que onde chegava marcava presença. Depois das apresentações e de um breve papo fui embora, pois tinha que trabalhar. Obviamente fui o assunto do papo após minha saída, devido à minha intimidade com Egydio e Ivone e a eles falarem muito de mim com Terezinha e Dona Hilda. Isto foi no dia cinco de abril e ficou marcado que no domingo, dia sete, eu iria almoçar com eles - e assim ocorreu. E também ocorreu que, acho que estrategicamente (Dona Hilda sempre foi um perigo quando queria algo), findo o almoço fomos - eu e Terezinha - deixados por todos, que se recolheram aos quartos, para lavarmos os pratos e conversarmos. Resultado: namoro iniciado, com cinema no final do domingo e visitas diárias durante os trinta dias de férias dela em Brasília. Resumindo: choveu na minha horta. Nunca fui de pular de namoro em namoro, só tinha tido um anterior de quase seis anos e agora estava de novo amarrado, amarradíssimo. Cartas, idas mais freqüentes ao Rio (agora aproveitava os feriados também), saudades mútuas e então Deus e nossos mentores resolveram colocar a mão sobre nós e checar se era isso mesmo: fui convocado para fazer um estágio de um ano, de tenente R2 (da reserva) no Rio de Janeiro, e aceitei correndo. Escolhi (tinha ótima colocação no curso, um terceiro lugar) para estagiar o 2º BIB (segundo batalhão de infantaria blindada), localizado ao lado da Quinta da Boa Vista, pelo portão próximo à estação de trem da Mangueira. O ministério da guerra (hoje ministério do exército) acertou a documentação de minha licença por um ano com o DFSP e em junho viajei para apresentar-me no BIB. Neste mesmo tempo, como eu já esperava, o IPM a que eu respondia foi arquivado pela Revolução, e eu cursava o último ano da faculdade (com o acompanhamento da OAB). Tudo se encaixando certinho, perfeito, com as bençãos dos meus mentores e, para completar, com uma namorada perfeita. Fui morar com meus pais, então residindo na rua Souza Franco, em Vila Isabel, próximo da Atlética Vila Isabel, no Boulevard 28 de setembro, já que meu pai tinha se aposentado, vendido a Padaria Laís e comprado um sobrado no número 462 dessa rua. Voltei a ser carioca. Desfiz-me de meu quarto e de meu enxoval de Brasília, voltei a freqüentar o Maraca, a ver minha turma de infância e até inscrevi-me para disputar o campeonato do departamento autônomo da federação carioca de futebol, agora pelo time da colônia árabe, o Senhor dos Passos Futebol Clube, nome da rua principal do bairro chamado Saara, no centro do Rio, onde ficam as lojas dos árabes, grandes comerciantes de varejo da cidade. Não voltei para o Confiança, o amor esportivo de minha vida, onde pela primeira vez calcei chuteiras e cuja camisa sempre amei pela simples questão de sentir-me em um outro nível. Não estava mais disposto a ir de caminhão com bancos de madeira aos jogos nos campos dos outros times, e coisas desse tipo. No Senhor dos Passos, que neste ano fez um timaço (a colônia tinha muito dinheiro, e o marketing futebolístico pesava muito), íamos de ônibus confortável e, além disto, as cores do time eram as do Fluminense. Fomos muito bem e até nos classificamos para as finais, sendo vice-campeões do D.A. Jovem, esportista, acadêmico de direito, já inscrito na ordem dos advogados como solicitador, oficial do exército, um namoro perfeito... Enfim, como sempre, uma vida não para agradecer a DEUS, mas para reverenciá-LO e a melhor forma de fazê-lo, hoje tenho a certeza, é a que meu pai me ensinou e meu irmâo pratica - ser correto em todos os momentos com todos ao redor; o que busco fazer, ainda que com as dificuldades próprias de um encarnado. Madeira

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