"Ando devagar/porque já tive pressa..."

"Ando devagar/porque já tive pressa..."
"Nessa loooonga estraaaaada da viiidaaa..."

Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira

quinta-feira, 3 de abril de 2008

vivencias-madeira-cronologica (1955/6)


Bondes no Alto da Boa Vista


1955: as brincadeiras de rua (literalmente, pois eram no meio da rua José Higino, onde passavam raros carros) consistiam em - os meninos - brincar de: carniça (um era a carniça e ficava curvado, com as mãos nos joelhos, e o mestre -sorteado, assim como o carniça - dava as ordens para os demais, que pulavam o coitado cumprindo as suas determinações; por exemplo: escrever uma carta, na qual, após pular, enfiava-se o dedo no rabo do carniça para molhar a caneta-tinteiro, e fingia-se escrever em cima das costas deste, e quem não conseguisse pular passava a ser o carniça; portanto, uma brincadeira que era o terror dos baixinhos); salto em distância; salto em altura; corrida; e, finalmente, resistência (quem conseguia ficar mais tempo em alguma situação difícil; por exemplo: pendurar-se em um galho de árvore). Com as meninas as brincadeiras eram, basicamente, de: pique; pique-bandeira (dividia-se o pessoal em dois grupos, demarcavam-se os territórios e, ao fim de cada um destes, colocava-se a bandeira de seu dono, bandeira esta que podia ser um galho de árvore, um pano ou uma camisa, e ganhava quem conseguisse entrar no território do outro e capturar a bandeira inimiga, voltando com ela para o seu território; seria colado quem fosse pego no território alheio, e só poderia ser descolado por um colega). Jogos existiam muitos, tais como: bola de gude (fui bom), soltar pipa e peão (fui muito ruim), bola de meia, ping-pong (fui bom)... Outras diversões eram: pegar frutas dos quintais e terrenos baldios (muitas vezes terminavam em correria nossa, dos donos ou de cachorros brabos), e as frutas mais comuns eram carambola, manga, goiaba, abio(frutinha amarela e doce), andar de bicicleta em grupo (chegamos a fazer, na época sem riscos, a volta do Rio de Janeiro, subindo pelo Alto da Boa Vista e descendo pelo Joá, voltando por Copacabana e pelo centro até chegar em casa, já de noite - levamos umas oito horas na aventura), ir, de bonde, jogar bola nos gramados do Alto da Boa Vista ou da Quinta da Boa Vista, onde também íamos andar de pedalinho, ir ao Maracanã, às quartas e quintas (de noite) e aos sábados e domingos (às tardes) ver qualquer jogo e comer um cachorro quente da Geneal, acompanhado de um mate-leão, ir ao cinema na Praça Saens Peña e depois tomar um sunday no Palheta, fazer excursões pelo leito do rio Maracanã, que era pedregoso e andávamos pulando de pedra em pedra, namorar muito... Muita diversão - sempre depois de fazer as obrigações escolares, pois os pais fiscalizavam e cobravam (quando algum colega não aparecia, sabíamos que estava agarrado pelas falhas no estudo) -, e todas ao ar livre, com esforço físico, com união, companheirismo, amizade, sem crocodilagens ou enganações. O dinheiro para tudo isso vinha das mesadas e das economias (ir andando para o colégio ou para o Maracanã, não comer merenda ou fazer vaquinhas, onde juntava-se dinheiro e pagava-se a despesa de quem estivesse duro ou fosse menos abonado), além de que não havia inflação (durante toda a minha adolescência paguei meia nos cinemas da Saens Peña, sempre no mesmo valor: quatro cruzeiros e dez centavos). Ah!, havia uma brincadeira sacana, que foi abandonada quando perdemos o dinheiro, e que consistia em, de noite, amarrar uma nota de valor atraente, uns vinte cruzeiros, a uma linha, e colocá-la do outro lado da rua, em um lugar pouco iluminado; muitas pessoas viam e se abaixavam para pegá-la, momento em quê, escondidos, puxávamos a linha e a nota vinha para nossas mãos, deixando o envolvido embasbacado. Bem, um cara grande e forte, que viu ou já conhecia a brincadeira, veio e pisou na linha, pegando a nota. Fomos a ele pedi-la de volta, com as nossas desculpas, e tivemos de correr para não levar uns tapas. Madeira

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