"Ando devagar/porque já tive pressa..."

"Ando devagar/porque já tive pressa..."
"Nessa loooonga estraaaaada da viiidaaa..."

Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira

sexta-feira, 4 de abril de 2008

madeira-vivencias-cronológica (1956/1)

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1956: o tempo passou rápido e eis-me no científico... Dezesseis anos, e tendo que me preocupar com a escolha da profissão, além de estudar mais ainda... O Externato São José torna-se mais moderno e abandona o fardamento completo (cáqui, com paletó), adotando um modelo mais condizente com o verão carioca: calça e camisa, ainda cáqui, com um bordado em seu bolso, e as letras S e J entrelaçadas. A pasta escolar, no entanto, continua imensa, um trambolho para comportar os livros e cadernos de seis disciplinas diferentes, diariamente. A vida começa a se transformar. Muito estudo no qual me fodo: química, física, álgebra, geometria... Por favor, devolvam-me o português, a história, a geografia e o latim de todo dia; preferia mesmo, ainda que houvesse o pé no saco do canto orfeônico, das artes manuais e do desenho. No esporte, o Confiança resolveu disputar o campeonato carioca infanto-juvenil (até dezessete anos; o juvenil era dos dezoito aos vinte e um), e foi uma euforia. Jogar, em turno e returno, contra Fluminense, Flamengo, Botafogo, Vasco, América e os nossos do Departamento Autônomo, divisão amadora (Maravilha de Quintino, Campo Grande, Oitis de Bangu, Atília de Santo Cristo e outros) foi uma sensação indescrítivel. Na nossa chave dos grandes caiu o Flamengo, e assim joguei na Gávea. Classificava-se para as finais o primeiro colocado de cada chave (eram seis chaves de quatro), e classificou-se o Flamengo, já com sacanagem na época, pois depois descobriu-se que o zagueiro central deles, de nome Wantuil, era gato, ou seja, tinha idade superior e jogava com documentos falsificados; mas isso foi bem depois e já tinha acabado o campeonato, que foi ganho pelo Botafogo. Na nossa chave fomos os segundos, atrás do Flamengo, tendo empatado um jogo com eles de 0x0 e perdido outro de 3x0. Mas foi muito bom. Súmula, ingresso pago, foguetório, juiz da federação, bandeirinhas e eu fui muito bem, goleiro e capitão do time, o que valeu um convite para disputar, no ano seguinte, o campeonato carioca de juvenis pela Portuguesa do Rio. Fora isto, jogava o campeonato carioca de futebol de salão, ainda com a bola de serragem, pela Atlética Carioca, às segundas e sextas à noite, e toma de viagens e jogos. Nossa série era a H, composta de times da zona norte do Rio: Maxwell, Raio de Sol (onde o goleiro do time principal era o - depois - comentarista Washington Rodrigues), Vila Isabel (então, a maior potência), Macabi (time da colônia israelita), Minerva, Montanha e América, entre outros, em um total de doze. Neste ficamos em terceiro lugar e não nos classificamos, pois entravam apenas os dois primeiros, mas disputamos bem e valeu. Havia ainda o time do Colégio São José, onde eu era o titular do time principal, e às vezes excursionávamos para jogar com outros colégios (principalmente com o Internato São José - perdíamos sempre, pois os internos só faziam tocar punheta e jogar bola diariamente). Namoros comiam solto, e as árvores que ficavam no escurinho, longe dos postes de luz ou ensombreadas, sofriam com o rala-rala. As brincadeiras de rua escassearam e foram substituídas por bailes de quinze anos (festas que todos as famílias tijucanas e cariocas ofereciam quando as filhas comemoravam essa idade), idas à zona do baixo meretrício, no Mangue (ainda não existia a aids, o máximo era a gonorréia, que com uma injeção de penicilina nas nádegas estava curada), ao Maracanã, à praia (de lotação, em Copacabana, nas férias e feriados), à Praça Quinze para comer o angu do Gomes, à Quinta da Boa Vista, muito cinema e muita conversa na esquina, em um bar próximo desta, de um português (certamente Man(o)el ou Joaquim, na esquina da José Higino com a Conde de Bonfim, que chamávamos de Elba, por ser o nome da padaria que tinham aberto nessa esquina). Neste, quando dava a dor de corno (algum namoro terminado), em qualquer dos colegas, todos tomávamos um samba em Berlim (cachaça com coca-cola), e quando tínhamos mais um pouquinho de dinheiro rolava o primo rico dessa mistura, a cuba libre (rum com coca-cola), ou então um HI-FI(vodka com crush) ou tequila com soda; enfim, qualquer coisa que tivesse álcool e os machos sentissem alguma coisa diferente. Era uma dose, às vezes dividida por dois (dada a falta de dinheiro), e acompanhada por um sanduíche de pernil ou de mortadela, ou ainda por uns ovos cozidos coloridos (de todas as cores, e eram bem chamativos). Meu irmão Sidônio, já casado, eu via de vez em quando. Meu pai na vida de sempre, de muito trabalho, mas mantendo a obrigação das refeições em família, devendo haver uma boa justificativa para qualquer ausência. E minha mãe cuidando da casa e vivendo na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, na Conde de Bonfim, em frente ao Tijuca Tênis Clube. Madeira

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