"Ando devagar/porque já tive pressa..."

"Ando devagar/porque já tive pressa..."
"Nessa loooonga estraaaaada da viiidaaa..."

Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira

quarta-feira, 19 de março de 2008

vivencias-madeira-cronológica (1951/54)



1951/54: de 51 até 54 a vida seguiu no mesmo diapasão. Durante o ano escolar, pelas manhãs aula no Externato São José, às tardes estudo (deveres de casa) e às noites escutar rádio, sem nunca perder dois seriados de aventuras, que eram Jerônimo, o herói do sertão (aventuras de um justiceiro no interior do Brasil), e o Anjo, um detetive que desvendava casos policiais. Brincadeiras, apenas dentro de casa, quando jogava botão comigo mesmo, ídem na bola de gude e, quando vinha algum parente ou amigo nos finais de semana, brincava com eles de pique, esconde-esconde e carniça. Dormia cedo, porque fazia bem à saúde (leia-se ordens paternas), e acordava cedo para tomar café e ir para o colégio. Nas férias, só não piorava (face a não ter aulas pelas manhãs) porque aparecia o meu salva-vidas Sidônio, meu irmão. Com ele eu descolava uma praia, Maracanã (neste eu ia aos domingos com meu padrinho Arthur, depois dos almoços dominicais), um filme, um passeio; as férias, graças ao Sidônio, eram uma maravilha. Aos sábados e domingos existiam as visitas aos parentes e amigos, e com isso eram dias mais movimentados. Meu pai tinha a filosofia de que a rua era para homem, para quem pudesse assumir a responsabilidade pelos seus atos, e que lugar de criança era em casa, estudando ou brincando - mas em casa. No colégio, tudo ia bem no quesito aprendizagem. Nunca fui primeiro colocado, mas nunca estive, em turmas de quarenta alunos, atrás do décimo (minha pior colocação), sempre ficando, mês a mês, em quarto, quinto lugar. Nunca fui primeiro não só por não me matar de estudar (quando achava que já sabia, parava de estudar), mas também porque eu - assim como meus pais - nunca babei o ovo dos maristas, o que certamente (hoje tenho essa certeza) ajudava em alguns quesitos nos conselhos de classe. Quanto à disciplina, meu nome pouquíssimas vezes apareceu no chamado quadro de honra, que indicava os modelos de alunos. Eu vivia brigando com os professores (todos, menos um de geografia, o professor Tarlé, eram irmãos maristas), tanto pelas obrigações, naquela época já retrógradas, como por ser alterado (hoje os médicos chamariam de hiperatividade; naquele tempo, diziam simplesmente que eu tinha o bicho-carpinteiro). Brigava, e muito bem, e não tinha medo de nada, nem de professor, desde que eu estivesse com a razão; defendia os mais fracos, sempre que sacaneados, e com isso vivia escrevendo linhas, ou ficando, após as aulas, durante uma hora virado para uma árvore, de castigo. Tudo leve, tanto que só uma vez fui suspenso. Com a descoberta do futebol, comecei a jogar pelo time da sala nos campeonatos internos, no campinho de terra de sete contra sete, e sempre capitaneei os times das turmas pelas quais joguei. Eram três salas, letras A, B e C, com às vezes até quatro salas por ano - entrando aí, pois, a D. O Externato era um dos melhores colégios do Rio, procuradíssimo. As turmas não se repetiam, eram compostas aleatoriamente (julgo que pela ordem de matrícula, mas pela letra inicial do nome), e com isso tínhamos muito esporte, com um torneio em cada semestre, e vários esportes terrestres: futebol, basquete, vôlei e atletismo. Por isso, nunca pratiquei esportes aquáticos, e hoje todas as juntas doem. Essa foi a minha vida entre 51 e 54. Madeira

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