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"Ando devagar/porque já tive pressa..."
Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira
sábado, 12 de abril de 2008
vivencias-madeira-cronológica (1957/5)
1957: um ano com novas imposições de viver para mim, que me levaram a um amadurecimento acelerado pelas responsabilidades que chegavam, e por ter extrapolado o mundo de colégio e rua em que vivia até então. Esses eram meus limites: colégio, rua José Higino, jogar no Confianaça, rua Silva Teles e a Atlética Carioca; enfim, um raio de ação de dois, três km do porto seguro que era a minha casa, com dinheiro apenas de mesada. Aí pintaram concentração, viagens intermunicipais e até interestaduais (e de ônibus, antes no Confiança eram de caminhão com bancos de madeira, o célebre pau-de-arara), dinheiro de ajuda de custo e bichos por vitória e empate, além de, entre aspas, fama... Depois dos jogos entrávamos no vestiário e encontrávamos os cobras fazendo aquecimento, e víamos a seguir o jogo dos profissionais. Assim vi bem de perto, em especial no Maraca, os craques do futebol carioca de então, desde Castilho até Didi, e sabíamos das histórias deles, desde os lances geniais às mazelas de bebida, mulheres, tentativas de suborno, os ganhos em cima dos patronos dos clubes, os macetes de pedir dinheiro extra para jogar. Foi sensacional e diferente, e com uma aprendizagem sociológica importante para o futuro, pois sempre observei o que ocorria ao meu redor e cotejava com os ensinamentos de meu pai e com o que eu queria da vida. Fora isto, irresponsavelmente (nunca me machuquei) jogava minhas peladas com a turma da rua, mas somente na época dos jogos intercolegiais. Jogava pelo Andrews, que era muito fraco no quesito esportes, ao contrário do São José. Cheguei a jogar vôlei pelo juvenil do América, convidado após um jogo ainda da época do São José, mas desisti logo. O namoro continuava com uma menina do Confiança, onde ia sempre que nosso jogo era no sábado e saudado como celebridade. No Andrews tudo corria às mil maravilhas, com oito disciplinas no primeiro ano e nenhuma das malditas; estudava Português, História, Geografia, Latim, Grego, Francês, Inglês e Espanhol, e deitava e rolava pela facilidade de entender e discutir essas áreas sócio-humanísticas. Em casa era tratado como um homem responsável, pois dava retorno aos meus pais tanto no estudo quanto no cumprimento dos horários e das obrigações complementares - quem quer que viva na dependência dos pais deve respeito, atendimento presto às determinações e não dar trabalho extra, pois minhas roupas pessoais eu lavava e passava, assim como arrumava meu quarto (varrendo e limpando) e engraxava meus sapatos. Sidônio, irmão querido e admirado, pois como meu pai sempre foi modelo e exemplo de honradez, seriedade, compromisso, respeito e honestidade em todos os momentos, já casado, quando morava no Rio eu o visitava sempre - para, como no relacionamento com o meu pai, aprender mais e mais. Religião? Definitivamente desgostoso com tudo que a Igreja Católica pregava através de seus padres, abandonei-a no tocante à freqüência, mantendo o respeito à simbologia aprendida, entrando nas igrejas quando passava em sua frente e fazendo minhas preces isoladamente, sem sentir a necessidade de ouvir missas, confessar e outras baboseiras impostas pelo medo do inferno, que analisadas mostravam-se simples formas de domínio. Meus contatos eram diretamente com Deus e Cristo (modelo para quem quer ser correto no viver) através de minhas orações, e principalmente da busca da correção no viver diário. Isto meu pai ensinou-me sempre, lembrando que se uma pessoa é correta em todos os seus comportamentos não tem como estar pecando por não cumprir a liturgia imposta pela Igreja Católica. Os seis anos de Marista (que muito me acrescentaram em conhecimentos e comportamentos de educação e erudição) não conseguiram me transformar em um cordeirinho, em um dócil seguidor de um homem infalível (o Papa) - isso é brincadeira com a minha inteligência. Madeira
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