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"Ando devagar/porque já tive pressa..."
Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira
quarta-feira, 30 de abril de 2008
vivencias-madeira-cronológica (1964/1)
1964: desta vez veio um ciclo totalmente diferente dos anteriores. O namoro no Rio, pela diminuição das idas, pela distância, talvez pelo amadurecimento tinha ido para o espaço no final do ano passado. Eu entrava no último ano da faculdade, já inscrito na OAB/RJ como solicitador (hoje não existe mais isto; era uma pré-inscrição, pela qual a ordem dos advogados acompanhava os estudos na faculdade, fiscalizando-os, acompanhando as provas e medindo o aproveitamento dos que queriam ser advogados) e apaixonado pelo trabalho lindo feito pela Interpol no combate aos criminosos e grupos de altíssimo nível intelectual, que bolavam delitos grandiosos e fugiam para outros países cheios de dinheiro. Lembro que à época nos debruçávamos sobre três grandes delitos de interesse mundial: a fuga de criminosos nazistas para a América do Sul (Josef Mengele era o mais procurado: quase o prendemos em São Paulo); a Operação Marselha da polícia francesa (tráfico de drogas escondidas em carros de luxo importados); e o assalto ao trem pagador em Londres. Os grandes crimes eram como o enredo dos grandes filmes, muito bem bolados, crimes quase perfeitos. Bem, o grande e diferente ciclo ocorreu no fim do mês de março, quando eu estava no Rio em aula: o movimento de 31 de março, que salvou o país da esculhambação generalizada e sindicalista reinante. Eram greves direto, falta de respeito com o direito de ir e vir, quebra continuada de hierarquia, indisciplina total, tudo culminando em uma grande marcha pelas ruas do Rio, denominada Marcha com Deus pela liberdade, que disseram os meios de comunicação ter reunido mais de cem mil pessoas. Jango, presidente à época, era extremamente fraco, um corno assumido (Maria Tereza, sua esposa, era linda e muito mais nova que ele - a conheci em Brasília ao fazer, ainda na GEB, a segurança ostensiva de uma festa em que ela esteve) e não o creio comunista, mas um populista conduzido por oportunistas que sempre existem e só querem o poder para a própria locupletação. O povo ordeiro não gostava e não queria isso. As Forças Armadas, claro, totalmente insatisfeitas com as repetidas manifestações de indisciplina e quebra de hierarquia patrocinadas pelos clubes de sargentos e de praças, com o apoio dos generais do povo (??!!!) esperavam para ver até onde esse estado de coisas iria. E chegou o limite, o famoso comício da Central do Brasil onde os clubes militares de sargentos e praças carregaram Jango nas costas e fizeram discursos ofensivos ao oficialato. No dia 31 de março eu viajava para Brasília de carona em um carro com outros estudantes, funcionários públicos, nenhum policial como eu, quando fomos em Juiz de Fora interceptados pelo exército e informados da revolução, comandada naquela área pelo Gen. Mourão Filho, que ocupava as estradas de Minas cortando a comunicação entre o Rio - ainda com a força de capital federal e a massa da tropa militar - e Brasília, sede real do poder central. Fui orientado a voltar ao Rio e aguardar as ocorrências - e o fiz, voltando para casa. No dia três de abril, vitorioso o movimento (com o apoio da massa da população brasileira e a fuga dos valentes que se diziam legalistas - não sei de que, pois estavam desrespeitando a constituição e as demais leis), voltei para Brasília e apresentei-me na Interpol sem problemas. Madeira
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