"Ando devagar/porque já tive pressa..."

"Ando devagar/porque já tive pressa..."
"Nessa loooonga estraaaaada da viiidaaa..."

Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira

terça-feira, 25 de março de 2008

vivencias-madeira-cronologica (1955/2)


A saudosa fábrica de tecidos de minha adolescência...


1955: com a independência e o meu amor pelos esportes, veio a grande novidade, que foi passar a fazer parte de times organizados, com inscrição em federações e disputa de campeonatos oficiais, não mais somente no colégio, nas equipes da sala, nos inter-classes e em competições escolares, nos inter-colegiais. O futebol de salão engatinhava, com uma bola pesadíssima, cheia de serragem, e não valia gol feito de dentro da área; as faltas só podiam ser cobradas diretamente a partir de seu campo de defesa, e isso não era atraente porque facilitava o controle da bola pelos grossos, dificultando a prática da arte futebolística. Comecei pelo futebol a minha carreira amadora de esportista. Próximo de casa, coisa de uns dois quilômetros, havia um clube de uma fábrica de tecidos (com a companhia da Bangu, a maior do Rio de Janeiro), o Confiança Atlético Clube, com sede e campo próprios, tricolor (verde, vermelho e preto) que tinha times infanto, juvenil (jogavam nos domingos pela manhã), amadores, aspirantes e principal (jogavam nos domingos à tarde), e eu já tinha ido lá ver jogos em dezembro, janeiro e fevereiro, época em que o Maracanã e o futebol profissional estavam de férias. Clube de gente simples (mas respeitadora, operários fabris de Vila Isabel), de que aprendi a gostar e a ele me dediquei. Resolvi experimentar então um campo oficial e jogos com juiz, súmula, etc... No Marista eu jogava no gol ou de beque, conforme a vontade. No Confiança, ao ver o tamanho do campo e face ao prazer de ser um estraga-prazeres (evitar um gol é um orgasmo tão grande quanto fazê-lo), apresentei-me para o teste como goleiro, e no primeiro treino fui convocado para o time infanto, que era da idade dos quinze aos dezoito anos. Daí à titularidade, e a ser capitão do time (e ídolo da torcida feminina, principalmente), foi rápido. Afinal, eu era um dos poucos com todos os dentes, louro, alto para a idade, gestos finos, e que chegava para treinar de sapatos, mais outros quesitos que me tornavam diferente dos demais. Às quintas-feiras à tarde, às dezesseis horas, tínhamos o treino individual e depois o coletivo, e aos domingos pela manhã jogávamos às oito e meia, antes do juvenil (que entrava por volta das dez e meia). O técnico, um empregado da fábrica, era o Duca, um crioulo simpático e muito esperto, respeitador, amigo e disciplinador, e todos o obedeciam, visando a titularidade. Eu tinha missa no colégio às sete horas e era uma correria, pois saía mais cedo escondido, pegava a caderneta com o colega que as detivesse e ia pro bonde correndo pra jogar; era complicado, mas sempre deu certo. No Confiança tínhamos todo o material, que era cuidado pelo Seu Almeida, roupeiro e zelador, aposentado da fábrica que morava em um canto do campo com a família, em uma casinha. Seu Almeida era grande, forte e muito grosseiro, mas sempre tive um excelente relacionamento com ele, pois o tratava muito bem. Valeu Confiança, onde aprendi a ter confiança em mim, em um ambiente novo e de um nível diferente, nível ao qual me adaptei, pois nunca tive frescuras; valeu Confiança, onde também aprendi a competir, buscando com denodo a vitória, e tendo como troco apenas um sabor, sem qualquer outra compensação: o sabor da missão cumprida com sucesso. Madeira

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