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Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira
quinta-feira, 12 de junho de 2008
vivencias-madeira-cronológica (1980/2)
Momento de descanso no prédio do DPF/ES, começo da década de 80
1980: Terezinha transplantada renal e de novo com a marca registrada dela, uma alegria e garra contagiantes. Voltamos, com os cuidados necessários para com ela, a um ritmo de vida tranquilo, de estudo e brincadeiras nos finais de semana para as crianças, e de reorganização da casa para Terezinha, apoiada pela Joana, com D. Hilda se desdobrando entre a casa dela no Rio e conosco, e eu rachando entre as atividades policiais e as aulas à noite. Mas as decepções estavam chegando, em função do meu modo de agir (deve é óbvio ter muita coisa errada, é de extremos, ou seja, ou agrado e ganho amigos ou desperto inveja, raiva e levo porrada, ainda mais dentro de uma estrutura de serviço público policial). Como na SR/DPF/ES todos os delegados e agentes só procuravam a mim para orientações, para tirar dúvidas, e como eu, desde o ano passado, estava dando aulas na Acadepol da Polícia Civil do ES - que, aliás, tinha ajudado a remontar, estruturando-a, montando cursos, coordenando-os e dando aulas, em apoio à reabertura da mesma, que estava fechada há mais de dez anos, a pedido de um professor meu colega na FAESA, o juiz aposentado Dr. Valdir Vitral, que fora indicado pelo secretário de segurança pública do ES para o cargo de diretor da academia -, o ciúme do superintendente apareceu forte. Teve início uma brutal centralização dele, tentando capar minhas atribuições de coordenador policial, dificultando minhas ordens, proibindo ações policiais sem conhecimento e autorização dele, o que o regimento interno do DPF não dizia, ou seja, minha competência estava claramente definida e muitas vezes o coordenador não dependia disso para agir. Assim os choques começaram e eu caguei para as ordens dele, continuando a trabalhar, e de novo tirando em nível estatístico a SR/ES de um dos últimos lugares em produtividade (quantidade de flagrantes, inquéritos, número e valores de apreensões) para uma das dez melhores do país. Como obviamente havia os puxa-sacos do superintendente ou aqueles que simplesmente não gostavam de mim, um fosso se fez entre nós dois, o que não podia ter ocorrido e no qual devo, é lógico, ter culpas também. Bem, no início do segundo semestre houve uma operação de combate ao tráfico de drogas, em Manguinhos, toda amarradinha, na qual, face à fuga do traficante, que usava como cobertura levar a mulher e a filha nas entregas, houve um tiroteio no qual a menininha morreu, atingida por um tiro, na ocasião sem se saber se teria sido do traficante ou do nosso pessoal. Avisado, desloquei-me à SR e dei as orientações ao delegado de plantão sobre a lavratura do flagrante, apreensão da droga, apoio às providências junto ao IML e mandei registrar tudo no livro de ocorrências, sabedor de que o superintendente o visava diariamente. No entanto, o plantonista crocodilo telefonou para ele e no domingo cedo este foi à SR e se intrometeu no caso. Daí a uma discussão violenta nossa na segunda-feira foi um passo e, sem que eu o soubesse, ele redigiu e mandou para o boletim de serviço do DPF, na parte reservada às alterações de delegados, uma punição minha de trinta dias de suspensão, além de solicitar minha transferência para outro estado. Passados alguns dias, nos quais não falei com ele, chegou o boletim com a minha punição e o recebi para passar ciente. De imediato pipocaram telefonemas de colegas, de solidariedade, e querendo saber o que havia ocorrido, pois a fama dele não era boa no DPF. Fiquei meio desorientado e soube também que estava para sair uma remoção minha, possivelmente para longe, para o Nordeste, de volta. Tentei falar com o diretor geral, de quem eu tinha sido assessor, e não fui recebido. Falei com o coordenador central policial, segunda autoridade hierárquica, e ele era da panelinha, da turma do superintendente e tirou o cu da reta - e eu só queria que tirassem a suspensão e negociassem a ida para um lugar próximo do ES, por causa de Terezinha, para que ela não ficasse longe da família e dos médicos. Eu pensava em Campos, onde havia uma delegacia do DPF, ou mesmo Niterói ou Rio. Tudo em vão. Ninguém na cúpula me atendia. Tinha mesmo de tomar alguma outra atitude e continuei a conversar com Terezinha sobre o que fazer. Madeira
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