
"Adeus, adeus, ó Giriz
As costas te vou voltando
Minha boca se vai rindo
E o meu coração vai chorando."
1950:fim do então curso primário no Colégio Santa Therezinha de Jesus e meu pai resolve deixar a padaria Lais com um gerente e passar um ano em Portugal em sua propriedade rural,levando-nos,eu e minha mãe Aracy,para conhecermos Portugal como um todo.Assim moramos lá por todo o ano,em uma aldeia em Trás-os-Montes, Argeriz,onde ele tinha essa propriedade.No início do ano,embarcávamos em um navio argentino,o Corrientes(eram dois navios gêmeos-o outro era o Salta, ambos com nomes de províncias argentinas-que faziam continuadamente,por todo o ano,a linha Buenos Aires/Rio de Janeiro/Ilhas Canárias/Lisboa/Barcelona, e que uniam as antigas colônias às antigas metrópoles). Eram navios de classe única,uma novidade então, pois os navios eram divididos em três classes, com direitos, acomodações, alimentação e preços diferentes, e a denominada classe única igualava a todos e permitia a circulação em todo o transatlântico.Foi uma viagem de cerca de quinze dias, tranquila e cheia de brincadeiras junto às outras crianças embarcadas.Foi também meu despertar para a sexualidade,com um namorico com uma menina linda,loura, de olhos azuis,chamada Suzana.A entrada do Corrientes no rio Tejo,para aporte,foi emocionante,pois meu pai levou-me para a murada e mostrou-me seu Portugal,onde não ia há muitos anos,visto das águas,quando pela primeira e última vez vi meu pai chorar e chorei junto...Em seguida tomamos um ônibus e viajamos para a cidade de Oporto(como eles lá escrevem),onde pernoitamos,tendo no dia seguinte,de novo de ônibus,ido para Valpaços,sede,de onde - de carro de aluguel - chegamos ao nosso destino, Argeriz, local da casa de meu pai,lugarejo em que residiria e estudaria durante este ano. Madeira