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"Ando devagar/porque já tive pressa..."
Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira
terça-feira, 22 de abril de 2008
vivencias-madeira-cronológica (1961/4)
1961: no quartel da GEB, na cidade-satélite denominada Velhacap - assim chamada por ser o ponto de instalação dos primeiros candangos (nome dado àqueles que chegaram à futura capital no início de sua construção, fossem operários de construção civil, fossem funcionários públicos transferidos) -, toda de prédios de madeira, uma verdadeira barracolândia sem calçamento, com água e luz mas assolada, quando da época da seca, por redemoinhos de terra vermelha - que, ao pegar alguém, forçava o coitado a de imediato tomar um banho e mudar de roupa, dada a quantidade de poeira com que ficava coberto -, apresentei-me e fui encaminhado ao rancho para almoço, com a ordem de depois dirigir-me ao comandante. Essas fortes nuvens de poeira vermelha, que feriam os olhos e as partes do corpo descobertas, eram chamadas de lacerdinhas em homenagem ao governador do já estado da Guanabara, o Carlos Lacerda, crítico contumaz e cri-cri da construção de Brasília. Na época era presidente do Brasil o Jânio Quadros - no qual votei, e foi o meu primeiro e péssimo voto, pois o cara era um doido de pedra -, e Brasília tinha todos os cargos em comissão ocupados por paulistas, inclusive sendo o comandante da GEB um coronel da força pública de SP (nome da PM/SP de então). O diretor da academia nacional de polícia (um major) e o chefe de polícia, bem como outros em cargos do ministério da justiça - todos paulistas. Bem, apresentei-me após o almoço. Foi determinado que eu me alojasse no quartel e logo fosse à ANP para a apresentação da documentação, mais os exames médicos, físicos e intelectuais, o que fiz no mesmo dia e no dia seguinte, passando em todos com sobras. Parecia, pela pressa, haver algo no ar - e havia. Dois dias depois, dia 23 de agosto, foi publicada no boletim a minha admissão na GEB, e recebi o fardamento completo, todo cáqui (era todo de sobra do uniforme original da FAB, que dois anos antes trocara o cáqui pelo azul atual), roupa de cama e banho. Na tarde desse dia entramos de prontidão, pois o maluco do Jânio tinha renunciado e os rumores de conflagração corriam soltos. Até hoje brinco, pelo inesperado da situação, que o Jânio renunciou ao saber que eu tinha sido admitido na GEB. Depois de alguns dias de prontidão, sem sair do quartel e pronto para o combate, foi acertada a volta de João Goulart, vice-presidente que estava fora do Brasil, e sua assunção ao poder presidencial no sistema parlamentarista, solução bem brasileira (tiraram o sofá da sala, o resto continuou igual; aliás, pior). Fui então designado para assumir o sub-comando da companhia de trânsito como segundo-tenente (o comandante era o primeiro-tenente Nelson Marabuto, CPOR/RJ de Cavalaria que tinha de entrar de férias e estava sozinho na companhia). Fui para lá e apropriei-me dos conhecimentos do código nacional de trânsito e das peculiariedades administrativas em um fim de semana, e nos dias seguintes cuidei da parte prática com o apoio de dois primos cariocas, soldados, um escolhido, o Altamir Balbino, por ser o melhor soldado de trânsito sob todos os ângulos, e o outro o Vaucrence Barbosa, que era o motorista do comandante. A ambos devo muito ou tudo que aprendi e foi possível realizar na cia. Bem, com a posse do Jango foram embora todos os paulistas e vieram todos os gaúchos que cabiam no governo federal e em Brasília, assumindo a chefia do DFSP, o departamento federal de segurança pública - órgão do ministério da justiça responsável pelas polícias - um coronel do exército amigo do Goulart, o Carlos Molinari Cairoli, e o comando da GEB um major do exército, o Ribas. Em novembro, com menos de três meses no trânsito, a chefia do DFSP - a pedido do major Ribas - decidiu criar uma tropa de elite, uma companhia de choque, e para comandar a mesma foi indicado um ex-integrante da polícia especial do Rio (os boinas vermelhas, tropa de choque do presidente e ditador Getúlio Vargas), o mais antigo dos oficiais da GEB - veio bem no início das obras -, o João Gonçalves Netto, que me escolheu, junto com outro oficial (este do policiamento), o Egydio de Souza Fernandes (que teve depois uma participação muito especial e importantíssima em minha vida) para montá-la no papel, escolher e treinar os seus integrantes. E lá fui eu estudar táticas, formações e ações específicas de controle de tumultos, de enfrentamento legal e outras de alto risco e de especialização notória. Madeira
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