"Ando devagar/porque já tive pressa..."

"Ando devagar/porque já tive pressa..."
"Nessa loooonga estraaaaada da viiidaaa..."

Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira

sábado, 5 de abril de 2008

vivencias-madeira-cronologica (1956/2)



1956: as festas de quinze anos em que íamos foram marcantes. Aconteciam em clubes na Tijuca, basicamente no Tijuca Tênis Clube ou no Montanha, e às vezes, quando de portugueses, no Centro Trasmontano - ou nos casarões de dois andares das famílias abastadas. Nestas festas, em que era obrigatório ir de terno, além de salgadinhos de qualidade e bebidas diferentes (whisky, campari, vinho e a famosa cuba-libre), havia música ao vivo com cantor. A massa da freqüência era de jovens e, como todos se conheciam nos bairros e os convidados eram quase sempre os mesmos, as famílias deixavam vazar as datas com muita antecedência para evitar a superposição de eventos. Começavam às onze horas e iam até as quatro, cinco horas da manhã. Dos conjuntos que tocavam, os mais famosos, e que na realidade eram pequenas orquestras, eram os dos maestros Waldir Calmon, Erlon Chaves e de Ruy Rey, o rei do mambo, ritmo que fazia sucesso então e que era muito tocado junto com o bolero, o fox, o samba-canção e, também surgindo no Rio, o baião. Por vezes tudo terminava em carnaval. No auge da festa (em algumas que começavam às dez horas para o permitir) ocorria a valsa dos quinze anos, em que entravam quinze damas (adolescentes dessa idade) vestidas iguais, normalmente de rosa, e depois com o seu pai entrava a aniversariante, que com aquele dançava de início uma valsa (quase sempre Strauss), trocando depois de par e dançando com o avô, o padrinho de batismo e algum homem mais especial para a família. Os crooners dos conjuntos que vi (e dos quais me lembro) eram Silvio César, Miltinho, Wilson Simonal e Eliana Pittman. A notícia dos bailes de debutantes no bairro corriam céleres, e sempre se descolava um convite. Quem da turma recebia um convite pedia mais quantos fossem possíveis e os distribuía, e quem nada conseguisse tentaria entrar como penetra. A penetragem era uma arte, e a praticavam os caras de pau da turma. Consistia em quem (sempre os mesmos) tinha convite entrar normalmente, dando um jeito de não entregá-lo, ou de surrupiá-lo ou ainda de enrolar o porteiro com uma boa conversa (uma irmã que tinha perdido o seu estava chorando, e assim por diante). O Rio de Janeiro era de amizade, paz e amor, além de todos se conhecerm e de haver respeito. O comportamento era impecável, mas as gafes muitas; por exemplo: reclamar de algo da festa (demora em passar um garçom...) e estar falando com o dono da casa, roupas iguais, ficar bêbado e ser posto para fora (o que era terrível, pois representava não conseguir convite para outras festas até ser esquecido o fato) etc. No dia seguinte, na turma, o papo era só sobre a festa. E o fim desta era sensacional. Além da demora no local, buscando aproveitar tudo até o fim, sempre bebendo e comendo mais um pouco, a volta para casa era a pé, às vezes longe mesmo, ou de espera pelo início da circulação dos bondes. Tinha de se carregar os bebuns - sempre missão minha, pois eu não bebia - e íamos cantando pelas ruas, sendo o terror dos guardas noturnos (corporação particular fardada e desarmada, paga pelos moradores das ruas para assegurar o silêncio, e não atuar contra a violência, praticamente inexistente então), que nos conheciam e nos acompanhavam pedindo que não fizéssemos esporro. Para completar, trocávamos os pães e o leite que os entregadores colocavam nas portas das residências, ou alguns mais saídos bebiam o leite ou pegavam um pão. Ou seja, às noites de sábado eram o terror dos moradores. Não fui a muitas dessas festas e repassava meus convites, já que eu estava muito envolvido com esportes, em especial o futebol, e normalmente tinha de jogar na manhã de domingo. Só ia quando não havia jogo ou nos meses de recesso, partes de dezembro, janeiro e fevereiro, até o carnaval. Com isso, não aprendi a beber e a fumar. Madeira   


Bailão no Tijuca Tênis Clube!

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