"Ando devagar/porque já tive pressa..."

"Ando devagar/porque já tive pressa..."
"Nessa loooonga estraaaaada da viiidaaa..."

Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira

sexta-feira, 25 de abril de 2008

vivencias-madeira-cronológica (1962/2)



1962: este ano na S.E. da GEB foi, além de um ano de muito trabalho (quando em Brasília era dia e noite, para compensar as idas de estudo ao Rio), aquele em que ganhei um dos dois novos irmãos, não de sangue, mas de amizade canina que a vida reservara pra mim: Egydio de Souza Fernandes (do outro falarei mais à frente, o Oswaldo Mattos). Ao ser criada a S.E. fomos escolhidos como implantadores eu e um tenente magrinho, falador, um carioca da gema que tinha chegado uns dias antes de mim e estava lotado na cia de policiamento, o ten. Fernandes. Alegre, desenrolado, amigo dedicado, corajoso, elétrico, jogador de futebol de mão cheia -tanto salão (tinha jogado no Rio no Grajaú Tênis Clube, e eu me lembrava vagamente dele no primeiro time do Grajaú quando eu era do juvenil da Atlética Carioca e fomos jogar contra, fazendo a preliminar) quanto campo (tinha jogado no juvenil do América, time de coração dele e próximo donde morava, e mesmo sendo destro jogava de lateral-esquerdo) -, era mais velho e antigo como oficial do que eu, cerca de quatro anos, sendo também infante pelo CPOR/RJ. Fernandes no serviço, Egydio fora, foi o companheiro de todos os momentos neste ano e depois por cerca de quarenta e cinco anos. Logo que começamos a trabalhar juntos nos afeiçoamos e decidimos - até por ser nossa companhia também a responsável pelo policiamento dos outros policiais, fazendo o serviço de prendê-los quando em ações irregulares - morar fora do quartel (numa residência particular), e ele arranjou um quarto bem encostado, ao lado, que era para os funcionários mais graduados do SAPS, uma autarquia responsável pela manutenção e funcionamento de restaurantes e mercados populares na nova capital. Era um alojamento de madeira, como todas as construções da Velhacap, com um corredor comprido e, virado para este, os quartos pequenos, apertados, com duas camas, uma após a outra em coluna e armário em frente a cada uma, e uma janela ao fundo que dava para o nada, ou seja, para a imensidão reta, plana, com pequenas árvores, muito mato e a terra vermelha de Brasília. Eram cerca de vinte quartos e no meio havia os banheiros (essas construções eram feitas para moradores masculinos ou femininos, nada misto), de um lado os vasos sanitários e as pias e do outro os chuveiros. Ia-se de cueca até esses locais e fazia-se tudo coletivamente, como em um vestiário de futebol, militar ou de clube. Foram dois anos dessa moradia em dupla até o Egydio casar, e muito tranquilos. Egydio era o companheiro pronto a brigar do teu lado, a entender as dificuldades de relacionamento, e tínhamos gostos parecidos. No futebol sempre jogávamos no mesmo time, sendo que no salão ficamos famosos em Brasília como a zaga dos tenentes, ganhando todos os torneios que disputávamos. No campo também juntos, cinema ídem e até os lupanares frequentávamos juntos, até porque ele não dirigia e eu era então o motorista da nossa viatura. Almoçávamos juntos nos dias úteis, com muita poeira em um restaurante em frente ao alojamento, sempre feijão, arroz, bife e ovo, com uma salada de tomate, alface e cebola, de uma senhora apelidada, não sei a razão, de Tequila. Nos finais de semana havia os macetes - e Egydio era o rei dos macetes. Ele tinha amigas na Telefônica (telefonava de graça para a noiva), chamada à época de DTUI (departamento telefônico urbano e interurbano de Brasília); no zoológico (volta e meia íamos lá); em supermercado (as nossas compras eram sempre mais robustas ou mais baratas) e até em hospitais. Isso tudo facilitava nossa vida, barateando-a, principalmente a dele, e nos fins de semana almoçávamos na casa de alguma dessas amigas. Egydio dava nó em pingo d´água. As separações aconteciam apenas nas suas idas ao Rio, onde ele ia para ajustar o casamento (estava noivo e eu não conhecia a noiva). Com esse viver junto, agarrado até nas brigas contra outros, viramos irmãos - com respeito, entendimento e apoio mútuos. Valeu Velho. Madeira

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