"Ando devagar/porque já tive pressa..."

"Ando devagar/porque já tive pressa..."
"Nessa loooonga estraaaaada da viiidaaa..."

Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira

quarta-feira, 2 de abril de 2008

vivencias-madeira-cronologica (1955/5)


Nos campos de várzea do Rio de Janeiro, as peladas de complexidade shakespeariana que fascinavam Nelson Rodrigues...


1955: as molecagens de rua consistiam em muitas peladas (jogos de futebol com qualquer número par de jogadores, desde dois contra dois até quinze contra quinze, com balizas improvisadas a partir de duas árvores ou pedras, e jogados com o número de gols necessário para sair o vencedor - normalmente, dez tentos fechavam uma partida) no meio da rua José Higino. À época passavam pouquíssimos carros pelas ruas do Rio, principalmente nas horas ususais de trabalho, e nesta ocasião quem via o carro primeiro gritava parábola, que significava pára a bola, e então o jogador que estava com a bola nos pés parava onde estivesse (se não o fizesse, perdia a posse de bola, que ia para o goleiro do outro time), até o carro passar, ocasião em que voltava a correr o jogo. Não havia juiz e sim muito choro e roubalheira, tudo depois sempre pacificado, pois a finalidade era jogar bola. Quando a bola passava por cima da pedra (ou o similar que fosse a baliza), era marcado o tiro de meta. Sempre tinha goleiro (uma das maldições do futebol moderno é o golzinho, aquela bosta que inventaram para quando ninguém quer ir para o gol, e que diminuiu a quantidade de bons chutadores no nosso futebol, valorizando os dribladores e corredores), que era escolhido no par ou ímpar inicial, e era goleiro porque gostava mesmo ou era muito ruim pra jogar na linha. A bola era comprada através de vaquinha ou ganha por algum peladeiro em aniversário. Vidraças eram quebradas e sempre nos safávamos, pois éramos garotos do bairro, conhecidos de todos e filhos de famílias. Como as peladas eram diárias e, nas férias, de manhã, à tarde e à noite, os participantes muitos e sem faltosos, resolvemos construir campos em terrenos baldios, que eram numerosos à época. Assim construímos um em um grande terreno, ao lado da igreja católica maronita (libanesa), que dava frente para a rua Conde de Bonfim, a principal, onde passavam os bondes, e fundos para a vila nº 270 da José Higino, onde moravam vários da turma e que acessávamos pulando um muro. Vilas eram comuns no Rio, e possuíam uma entrada larga de pedestres, com casas dos dois lados, sem preocupação com garagens, pois poucos, muito poucos tinham carro. A locomoção era a pé para os locais próximos, e de bonde para o trabalho e para as compras (tinha até um bonde de bagagens e compras de atacado, o chamado taioba, assim batizado porquê, quando criado, carregava grandes quantidades desse vegetal, e não tinha bancos nem era fechado), mais o táxi para festas ou quando se estava mais arrumado, táxi que tinha ponto nas esquinas das ruas maiores e ponto de telefone para ser chamado, sendo todos os taxistas conhecidos e amigos das famílias. O Rio de Janeiro era, nos bairros, das grandes famílias. A construção do campo consistiu em delimitá-lo na maior área possível de ser limpa (dava para oito ou nove jogadores para cada lado), tirando-se todos os arbustos e pedras, ficando apenas a terra, e fazendo as balizas em tamanho proporcional, mas sem redes (e aí dava confusão, às vezes, sobre se tinha ou não entrado a bola no gol). O campinho era marcado com cal (a famosa vaquinha dava o suficiente para comprarmos cal e o marcarmos todo) e jogava-se de tênis (conga ou quedes, tênis de laterais altas) ou descalço, mas ainda sem juiz. O campo, que durou alguns anos, foi batizado de abacaterol, porque atrás de um dos gols havia abacateiros e os grossos sempre acertavam as árvores e derrubavam abacates (quando maduros). Depois de algum tempo, até jogos contra times de outras ruas ocorreram. Madeira

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