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"Ando devagar/porque já tive pressa..."
Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira
quinta-feira, 24 de abril de 2008
vivencias-madeira-cronológica (1962/1)
1962: vida que seguia tranquila, com as idas ao Rio e o estudo na faculdade, namoro no mesmo Rio nessas idas e muito trabalho na quinzena em Brasília. A primeira grande e perigosa missão dos S.E.´s foi a de toda noite fechar a zona do baixo meretrício, que funcionava dia e noite na Cidade Livre - nome não oficial, por ter sido no início da construção o lugar onde se instalaram os aventureiros que chegavam invadindo terras e construindo barracos, e que logicamente foi onde se instalaram também as prostitutas, os cafetões, os desempregados e os malandros em geral. O nome oficial era e até hoje é Núcleo Bandeirante. Os servidores que vinham nos núcleos precursores ficavam em construções de madeira coletivas na Velhacap, onde também ficavam o quartel da GEB e o presídio anexo. A decisão da chefia de polícia de a tropa de choque, a uma hora da manhã de todo dia fazer cessar as atividades de prostituição (à época eram cerca de quatro mil mulheres lá trabalhando em barracos de madeira, que na frente eram bares com música tocada em radiolas naqueles lp´s de vinil, aos berros, vendendo bebida livremente, e atrás um longo corredor e quartos dos dois lados) foi resultado do nível altíssimo de homicídios, de gente armada e também de brigas entre os soldados fardados das três forças e os nossos. Redigiram uma circular na Casa Militar da presidência, informando e disciplinando nossa atuação para os três ministérios militares, e lá fomos nós. As primeiras operações foram terríveis. Depois de elaborarmos o plano de ação da operação, tendo de dia feito o mapeamento do lugar (mais de setecentas casas), resolvemos que o melhor seria chegar por trás, por um lixão a céu aberto, local em que terminavam as casas e mais alto face ao buraco para jogar o lixo, e a partir de lá fazer uma varredura na qual parte da tropa, em duplas, ia de casa em casa, rua por rua determinando o desligamento do som e o fechamento das contas, e avisando que no retorno, se preciso, fecharíamos tudo na marra. O resto da tropa, com o sargento à frente, vinha checando se as ordens eram obedecidas, e aí quem ainda não estava se movimentando para pagar e ir embora era revistado e expulso com delicadeza (na porrada) da zona. Saíamos sempre de lá por volta das quatro, cinco horas da manhã. É óbvio que a criminalidade diminuiu e a S.E. marcou positivamente o nome da GEB. No início houve reação de militares, e então por rádio nos comunicávamos com o oficial-de-dia da Arma do praça e este, ao observar tal providência, preferia ir embora; em caso negativo era enviada uma tropa da Arma dele para levá-lo detido ao quartel. Também ocorreu de sermos atacados a tiros ao desembarcar do choque, numa tentativa de amedrontar-nos; era terrível, pois onde desembarcávamos era escuro e só se ouvia o estampido, via-se a chama do projétil e escutávamos o barulho da bala furando a lataria do caminhão-choque. Não respondíamos aos tiros nem perseguíamos os autores: simplesmente buscávamos abrigo e depois de um tempo fazíamos o serviço, nessas noites com muito mais rigor e raiva, procurando desde o início armas através de revistas pessoais. Era encagaçante de início, depois nos acostumamos e terminamos com isso pela ação firme. Tivemos gente ferida, poucos, mas nunca por bala, geralmente por faca ou pancada ao dominar algum recalcitrante; este ficava, é claro, em pior estado que o nosso companheiro ferido - numa ação de legítima defesa. Nesse tempo a polícia tinha um melhor conceito, pois não existia corrupção (nunca soube ou vi), agindo com firmeza somente com os vagabundos, os criminosos, os que se negavam a seguir as ordens legais. Madeira
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