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"Ando devagar/porque já tive pressa..."
Blog destinado a narrar as vivências do autor, através de suas opiniões sobre fatos vividos, e de marcações cronológicas, objetivando deixar para descendentes e amigos suas impressões sobre passagens de sua vida, abrangendo pessoas com sd quais se relacionou e instituições em que laborou, tudo com a visão particular, própria de todo ser humano, individualizada, pois cada pessoa tem sua forma de pensar, ser e viver. Madeira
sexta-feira, 18 de abril de 2008
vivencias-madeira-cronológica (1960/2)
1960: na faculdade de direito Cândido Mendes descobri o que era ser acadêmico, estudante de nível superior, ou seja, o maior interessado em aprender, em dominar o conhecimento necessário a um futuro exercício profissional. Docentes competentes, todos catedráticos - donos da cátedra, professores titulares - dotados do mais completo domínio das disciplinas que lecionavam, pois atuavam na área (juízes, promotores, advogados de renome) e/ou possuíam titulações conseguidas no Brasil e/ou no exterior. Quase todos também lecionavam na Nacional de Direito e tinham livros publicados. À época o ensino ainda era anual, o curso de direito em cinco anos divididos em anos letivos, com cinco disciplinas cada e cento e oitenta dias de aula. As provas eram nos primeiros quinze dias de julho; primeiro as provas parciais (somente os conteúdos do primeiro semestre), depois quinze dias de férias e no final do ano mais quinze dias de provas, as finais (todo o conteúdo do ano) - as duas fases de avaliação divididas em provas escritas e orais, sempre com três questões sorteadas pelo inspetor federal (uma dissertação e duas perguntas também dissertativas, no valor total de dez pontos). Atenção!: erro de português tirava ponto... As provas finais funcionavam como já descrevi no vestibular, ou seja, banca de três examinadores, um presidente para a dissertação e os outros dois para as perguntas; cada um dava a sua nota e dali era tirada a média final da oral, que - junto com as notas das primeiras provas (escritas e orais) e da final escrita - dava a nota final da disciplina. Era possível, uma vez, ter-se duas matérias em dependência, fazendo-se no ano seguinte as duas disciplinas, ou uma se fosse o caso, e aí o curso era atrasado um ano. Em seis anos, no máximo, formava-se um bacharel em direito. O exame da ordem dos advogados era feito junto com o quinto ano e acompanhado pelo inspetor federal (estava todo dia na faculdade, supervisionando as aulas e provas e dando visto nos diários de classe) e por um membro da ordem - isto nas provas finais -, sendo este muitas vezes membro honorário da banca de examinadores. Caso se ficase em mais de duas dependências, perdia-se o curso: ocorria a jubilação. Como pode ser visto, não era esta moleza atual que redunda em uma número expressivo de reprovações no exame da ordem, e também em advogados semi-analfabetos a usar um português lulal... Livros e apostilas eram companheiros diuturnos de estudos, e o grande amigo era o vade mecum jurídico, coletânea de todos os códigos em vigor e leis que os modificaram. Nos dias seguintes às aulas eu relia e estudava os conteúdos da véspera, buscando apropriar-me de todo o conhecimento passado pelos professores. Assim, com muito estudo teórico e prático, diário, tinha o lazer subordinado ao calendário e só via a turma da José Higino, já mais madura, nas férias da faculdade (que equivaliam ao CPOR diário), nos finais de semana, então ocasião das peladas e jogos amistosos de araque, e na época das aulas, quando o CPOR era aos sábados e domingos. Namoro ídem - tumultuado. Maraca quando dava, pois nunca fui de matar aula. Mas eu estava satisfeito, pois entendia que estava crescendo no intelecto e na ética. Além desses sacrifícios, tinha o de manter-me com o pequenino soldo (sálario, em termos militares), pois sempre tive vergonha de pedir qualquer dinheiro ao meu pai. Acordava, nos dias de CPOR, às três e meia da madruga, passava minha farda, engraxava os sapatos, preparava minha bolsa militar com os livros, apostilas e uniformes de educação física ou camisetas reservas, ia à padaria pelos fundos pegar um pão quente, fazia o café, tomava e saía para pegar o bonde das quatro e meia, para antes das cinco estar no quartel e mudar de roupa para a formatura às cinco e cinqüenta. Ainda bem que o CPOR só batia com a faculdade da sexta para o sábado. Madeira
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